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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Tempo seco

Fiquei, por quase quatro meses, distante do blog.
Aliás, muito mais distante ainda de mim...
Embora esteja chovendo há dias lá fora, ando seca, árida por dentro.
Não tenho conseguido escrever nada.
Tampouco me obrigo a cuspir palavras.
Me obrigo a viver, apenas.
Os dias têm sido iguais, do início ao fim.
Estive olhando os meus escritos e pensei: quem haverá de ter vontade de ler-me? Se os meus versos transbordam tristezas?
Vivo com a nítida impressão de que ninguém me enxerga e escrevo aqui somente para mim.
Não faz mal!
Ontem, depois de dois meses, escrevi algo.
Não publico aqui.
Está publicado em mim.
Por hora deixo algo para que eu mesma possa me ver.
E diz assim:

Devaneio
 
Entra dia
Entra noite
E
Tudo
O que se
Vive
É nada
É uma
Estranha
Volúpia
Ter tempo
De sobra
E nada
A ser feito
Converso
Com as paredes
Programo o despertador
Enumero tarefas
Desnecessárias
Espero
A hora seguinte
Na esperança
De que uma boa notícia
Me arranque
Dessa vida calma
E ao mesmo tempo
Dolorida
E
Cheia
De mim mesma